quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Tudo e o Nada...




O desejo de me estabelecer ao nada, impera. Impera e vocifera. Um querer esquecer o universo, minha pele, meus dentes, minhas materia. Como se fosse possível caminhar rumo ao abismo sem arrastar comigo o cordão  que me liga ao umbigo do tudo. Esse meu tudo, tão vazio, tão sem sentido, tão luto...

Às minhas costas sinto o hálito das sombras que abandonei nos vãos dos medos, nos ombros o peso de minhas faces largadas à margem do acaso. Sem ninho, sem música, sem rumo, famélicas, esquálidas. Açoitam-me, cobram-me, cobras criadas, minhas servas, meus sangue-sugas, tão sujas... Faces, fases, quases... Nuas...

Elos a tecer correntes, a aprisionar a alma, a escravizar a carne. Não há fuga, há o limbo cada vez mais fundo. Do nada, não tenho o percurso, não tenho o prumo. O nada não me abraça, não me caça. Sou eu entre as grades do futuro, entre os passos sempre, sempre dentro dos mesmos muros... Nem meu uivo, ouço, nem meus cabelos teço, nem meus dedos obedeço...  Fantoche sou, bebo, me alimento, retiro a roupa, ao bel prazer dos segundos que me pinçam e me atiram no colo desse tudo. Toneladas de fios que me ligam ao utero do mundo...


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