sábado, 28 de fevereiro de 2015
pós...
quando as dores passam
há um enlevo, um remanso
olhar para trás sem querer
o que não houve, o que não há
na volta da visita à terra de Dante
arde a pele por ter beijado o limbo
sem da comédia
o divino provar
alívio de sangrar
e em poesia, coagular...
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
dos engôdos...
se soubesse
de que antros
nascem santas
não desejaria
das flores de março
palavras mansas
se soubesse
de que sarjetas
nascem anjos
não buscaria
no vil da poesia
um doce encanto
se não sabes
se não vês
cala-te
é de mais valia
cego, surdo e mudo
abraçar uma ave-maria
e ajoelhar-se à hipocrisia...
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
asco
velhos ganchos
velhos garranchos
velhos escarros
velhos catarros...
cansaço
cansaço
não quero
castas e belas palavras
quero arrancar línguas
de vermelhos semáforos
vomitar em olhos alheios
cínicas e vis metáforas
velhos garranchos
velhos escarros
velhos catarros...
cansaço
cansaço
não quero
castas e belas palavras
quero arrancar línguas
de vermelhos semáforos
vomitar em olhos alheios
cínicas e vis metáforas
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
das luas...
num repente
sentia vertigens
eram pés demais
carregados de ferrugem
livrar-se deles
era questão de nuvens...
volitar rente aos céus
feito pipa sem fio de carretel
e uns olhos aluados
agarrando nuncas
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
reincidente
de uma prosa, eu gostaria,
mas enverga-me, os olhos
os ossos, a carne, a poesia
e ao peso das letras
ora borboletas, ora açoites
ora dia, ora noite....
entre desejos
só vejo entre as palavras
o vício da sangria
e aos versos
de novo e de novo
oferto minhas veias...
mas enverga-me, os olhos
os ossos, a carne, a poesia
e ao peso das letras
ora borboletas, ora açoites
ora dia, ora noite....
entre desejos
só vejo entre as palavras
o vício da sangria
e aos versos
de novo e de novo
oferto minhas veias...
domingo, 22 de fevereiro de 2015
40
andam confusos
os ponteiros do domingo
aos olhos da menina
..............................
e no fim de tarde
um fio de melancolia
escurece o dia
...............................
sussurram marias
aos ouvidos dos passarinhos
a mesma ladainha
sábado, 21 de fevereiro de 2015
das chamas...
poeta...
ares de profeta
o dom de feridas
lamber
e ao tocar a carne
num sopro sem semblante
a alma, já sem nome, ou...
de mil nomes, estremecer
se já não era puro
se já não era jura
na poesia tem o caminho
o pecado, o perdão e o lume...
se já não era riso
se já não era juízo
na poesia é tão único
fogo, sonho e perigo...
( poeta,
de vestígio em vestígio
reze sua lenda, teça sua tenda
e olhos e mais olhos, a(s)cenda... )
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
devaneios...
das palavras
tenho as faces
tenho as facas
as taras
e a carne...
corto e crio
desosso
costuro, abrevio
aqui e ali
rimo, choro e rio
que arrepio
nem sei
se em tantos remendos
acho ou perco
teço ou esquartejo
poesias...
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
das aves...
não findam
os trabalhos,
os pássaros
e vem o relógio
cobrar do crepúsculo
o atraso...
tardam as estrelas
tarda a noite
tarda a lua
é do verão
o descaso
o mormaço
o quente dos passos
a sede dos lábios
a pele em orvalho
piam
e piam
as árvores...
e mariam as asas...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
ferida
se não era verbo
por que fez-se verso?
esse que cala-se
arrancando da poesia
o papel e a pele
por que fez-se verso?
esse que cala-se
arrancando da poesia
o papel e a pele
e fere...
domingo, 8 de fevereiro de 2015
das fraquezas...
qual meu ponto final?
se tantas vezes jurei descer
e não mais voltar, e... volto
agarrada à velhas reticências
e essa falsa clemência
em rostos meus, em rostos outros
em palavras soltas, em frases ocas
num carrossel de sonâmbulos
quanta incoerência
quanta imprudência
quanta indulgência
tão fácil seria um fim
sem símbolos, sem ais de mim
mas indecentemente, digo: sim...
se tantas vezes jurei descer
e não mais voltar, e... volto
agarrada à velhas reticências
e essa falsa clemência
em rostos meus, em rostos outros
em palavras soltas, em frases ocas
num carrossel de sonâmbulos
quanta incoerência
quanta imprudência
quanta indulgência
tão fácil seria um fim
sem símbolos, sem ais de mim
mas indecentemente, digo: sim...
sábado, 7 de fevereiro de 2015
ensaio...
deslizo um rascunho
entre minha carne
e tua língua
se não sabes
onde escondem-se
minhas letras
se não sabes
onde terminam
minhas dúvidas
respondo:
ainda não somos
só um...
entre minha carne
e tua língua
se não sabes
onde escondem-se
minhas letras
se não sabes
onde terminam
minhas dúvidas
respondo:
ainda não somos
só um...
teias...
por onde
escorro
escrita
deixo
um rastro
de mim
cheiro bom
gosto ruim
mentiras
verdades
palavras feias
palavras bonitas
coisas assim...
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
da inquietude...
há no fim da tarde
um anseio de ontem em vestes de hoje
um quase agora escavando horas
a ouvir, a desejar, o que não houve
e se dos olhos são os desejos
a caminharem num fio de horizonte
são das mãos, entrelinhas e poesia
presas entre o crepúsculo e a noite
um tanto querer voltar atrás
um tanto querer domar o tempo
levando ao depois, ao segundo seguinte
o que não foi adiante, o que não foi sempre
e vem o nunca exibindo, luto,
e vem o pretérito vestindo lápide
de concreto, só letras e palavras
sobre a folha branca em lágrimas
um anseio de ontem em vestes de hoje
um quase agora escavando horas
a ouvir, a desejar, o que não houve
e se dos olhos são os desejos
a caminharem num fio de horizonte
são das mãos, entrelinhas e poesia
presas entre o crepúsculo e a noite
um tanto querer voltar atrás
um tanto querer domar o tempo
levando ao depois, ao segundo seguinte
o que não foi adiante, o que não foi sempre
e vem o nunca exibindo, luto,
e vem o pretérito vestindo lápide
de concreto, só letras e palavras
sobre a folha branca em lágrimas
das sombras...
como se não
bastassem os nadas
aparecem as esperas
vestidas de escuras anáguas
já foram malditas
já foram proscritas
e insistem
abrirem suas bocas
além de meus folhetins
ai de mim...
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
em círculos...
porque hoje
a preguiça
é minha...
não quero
dobrar
esquinas
tão pouco
quebrar os ossos
das cicatrizes
do meu umbigo
sou começo
meio e fim...
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
né?
acho de um deboche
a palavra amor...
dela fujo
dela não faço uso
nem teço versos
nem caço metáforas
nem busco imagens
nem gravo fatos...
se é fel
se é mel
se é dor
se é sabor
se é vermelha
ou incolor
se é sexo
se é erro
se é foice
se é êxtase
tanto faz
tanto faz
não vale
letras e penas...
é tão e tão
efêmera...
a palavra amor...
dela fujo
dela não faço uso
nem teço versos
nem caço metáforas
nem busco imagens
nem gravo fatos...
se é fel
se é mel
se é dor
se é sabor
se é vermelha
ou incolor
se é sexo
se é erro
se é foice
se é êxtase
tanto faz
tanto faz
não vale
letras e penas...
é tão e tão
efêmera...
domingo, 1 de fevereiro de 2015
do limbo...
estende-se um abismo
insinuando o vazio de minha poesia
entre teus versos e meus ouvidos
silenciosamente e sem tua rima
despeço-me de páginas ainda virgens
despeço-me de promessas caídas
não há de ser nada
não há de ser lágrima
não mais e tanto faz...
se a solidão é minha
à ela dedico meu hoje e minhas palavras
à ela dedico ecos e metáforas
e ela, a solidão,
em agradecimento
abraça-me...
insinuando o vazio de minha poesia
entre teus versos e meus ouvidos
silenciosamente e sem tua rima
despeço-me de páginas ainda virgens
despeço-me de promessas caídas
não há de ser nada
não há de ser lágrima
não mais e tanto faz...
se a solidão é minha
à ela dedico meu hoje e minhas palavras
à ela dedico ecos e metáforas
e ela, a solidão,
em agradecimento
abraça-me...
sem teto...
quando arregaço
dos olhos as moradas,
descem escada abaixo
litros e litros de água
e, um tanto descarnada
um tanto descascada
um tanto descamada
meio sem quarto
sem mesa, sem face
afogada no meio da sala
desocupo velhas casas...
dos voos...
passaria o tempo
cavalgando palavras
encilhando o tudo
e o nada
e converteria o universo
em olhos alados
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