porque ontem
escrevi o mesmo
e sei...
hoje escrevo
como se um verso novo
amanhã fosse
sem ser
terça-feira, 31 de março de 2015
segunda-feira, 30 de março de 2015
dos afazeres...
se não escrevo
e a palavra esqueço
em cima da mesa,
o verso
perde a paciência
faz birra
arrepia-se
e a poesia
entre o açúcar, o sal
e a roupa no varal
de frio
grita
domingo, 29 de março de 2015
fuga
ah, esses domingos
espremidos entre
começos e fins...
se, presente
se, fermento
se, unguento...
em mim
tem o peso e a fúria
das tormentas
varre-me,
e eu entre nuvens,
dos humanos, fujo
a garganta seca
as mãos errantes
e infecundas
feito bêbado
em abstinência
da aguardente
à espera não da primeira
nem de uma única dose
mas da segunda...
espremidos entre
começos e fins...
se, presente
se, fermento
se, unguento...
em mim
tem o peso e a fúria
das tormentas
varre-me,
e eu entre nuvens,
dos humanos, fujo
a garganta seca
as mãos errantes
e infecundas
feito bêbado
em abstinência
da aguardente
à espera não da primeira
nem de uma única dose
mas da segunda...
sábado, 28 de março de 2015
não sei...
por que
até as palavras
me cansam
se são elas
o antidoto
pra minha cura?
se vejo rimas
se sinto espinho
se sou entrelinhas
se faço versos
se tropeço
se com as feridas
converso
sou senhora
sou serva
sou ontem
e agora
dentro
ou fora,
na boca
um beijo
ou um nó...
por que
o cansaço
nas patas
dos olhos?
e esse desejo
de pisotear
tantas letras
como se fossem
elas, as feras?
até as palavras
me cansam
se são elas
o antidoto
pra minha cura?
se vejo rimas
se sinto espinho
se sou entrelinhas
se faço versos
se tropeço
se com as feridas
converso
sou senhora
sou serva
sou ontem
e agora
dentro
ou fora,
na boca
um beijo
ou um nó...
por que
o cansaço
nas patas
dos olhos?
e esse desejo
de pisotear
tantas letras
como se fossem
elas, as feras?
sexta-feira, 27 de março de 2015
silente
por um motivo
ou por outro
respiro
respondo
grito
teço pontos
mas, é no silêncio
onde encontram-me
ou por outro
respiro
respondo
grito
teço pontos
mas, é no silêncio
onde encontram-me
quarta-feira, 25 de março de 2015
queda
se vem do paraiso
se é cíclico
se é circo
o que sei do riso?
se a mim foi dado
o gosto pelo limbo
esse fetiche bíblico
onde Rimbaud
fez morada em
sua temporada
onde palavras
escarram sangue e
da morte vivem
ah, dispenso o riso
esse espelho que
nada diz
sou mais a queda
o corte, o deboche
sem remorsos....
se é cíclico
se é circo
o que sei do riso?
se a mim foi dado
o gosto pelo limbo
esse fetiche bíblico
onde Rimbaud
fez morada em
sua temporada
onde palavras
escarram sangue e
da morte vivem
ah, dispenso o riso
esse espelho que
nada diz
sou mais a queda
o corte, o deboche
sem remorsos....
terça-feira, 24 de março de 2015
ah, tá...
e aquela roupa
no fundo da gaveta
acusa-me
de não mais servi-la
não combinam
meus olhos com sua estampa
não casa-se meu número
com seu excesso de faltas...
oras, e esse cheiro
de naftalina?
e essa cor
de verde bolor?
não são meus
os teus fechados botões
não é meu o pânico
por debaixo dos panos...
segunda-feira, 23 de março de 2015
prêsas
há sempre
um pedaço faminto
de mordidas alheias
sem medo
de arrancar a pele
e esfolar as células
o que fere
são as algemas, as grades
as celas,
e não as feras...
um pedaço faminto
de mordidas alheias
sem medo
de arrancar a pele
e esfolar as células
o que fere
são as algemas, as grades
as celas,
e não as feras...
sexta-feira, 20 de março de 2015
inutilmente...
e quantas
frases feitas
vazios enfeitam
pelas frestas
feito lagartixas
passeiam
num mero deleite
espicham-se fora das brechas
exibindo seus dentes
penduradas nos lustres
nas paredes, nas saias,
nas luzes
num esforço
de serem vistas
além de um clique...
e livrarem
olhos inertes de antigos
cabrestos...
terça-feira, 17 de março de 2015
ímpar
às vezes é no egoísmo
do casulo, de asas recolhidas
ao próprio útero sem feto
onde encontra-se a saída
se não pelos olhos
em líquido abortivo de idas
pelas mãos crispadas
e boca e lábios em nãos
o que importa o outro
se não admira em nós, o louco?
o que importa o outro
se não rói de nós, os ossos?
ah, melhor e melhor o vazio,
o abismo, o absinto, a estrecnina
germinar e morrer sem rimas...
do casulo, de asas recolhidas
ao próprio útero sem feto
onde encontra-se a saída
se não pelos olhos
em líquido abortivo de idas
pelas mãos crispadas
e boca e lábios em nãos
o que importa o outro
se não admira em nós, o louco?
o que importa o outro
se não rói de nós, os ossos?
ah, melhor e melhor o vazio,
o abismo, o absinto, a estrecnina
germinar e morrer sem rimas...
segunda-feira, 16 de março de 2015
help
em tempos
de instagram e facebook
à cada selfie no espelho
narciso é só sorriso
e nem vermelho
fica...
de instagram e facebook
à cada selfie no espelho
narciso é só sorriso
e nem vermelho
fica...
sexta-feira, 13 de março de 2015
abuso...
porque na poesia
encontrava, o perdão
e o crime
usava-a
antes e depois
de cara lavada
de cara pintada
em versos
cegos, em navalhas
póstumas
em carne viva
em cortes tantos
em feridas prontas
e sangrava
encontrava, o perdão
e o crime
usava-a
antes e depois
de cara lavada
de cara pintada
em versos
cegos, em navalhas
póstumas
em carne viva
em cortes tantos
em feridas prontas
e sangrava
segunda-feira, 9 de março de 2015
sábado, 7 de março de 2015
entrelinhas...
de todas
as sombras
a tua
não cala-se,
se aperto
o verso
se esmago
alhos
se finjo
ter palavras
está lá
está cá
agachado
por trás
das frestas
espichado
no tapete
da sala,
nos olhos
do gato
são
teus olhos
negros
suas mãos
em luva,
sua boca
em riste,
e a mesma
pergunta,
em stacato...
as sombras
a tua
não cala-se,
se aperto
o verso
se esmago
alhos
se finjo
ter palavras
está lá
está cá
agachado
por trás
das frestas
espichado
no tapete
da sala,
nos olhos
do gato
são
teus olhos
negros
suas mãos
em luva,
sua boca
em riste,
e a mesma
pergunta,
em stacato...
quinta-feira, 5 de março de 2015
retalhos...
tão meu esse vácuo
que nele para outros seres
não há espaço
tão fundo meu céu
que nele abortam-se e morrem
dos sonhos, os olhos
tão oca minha morada
que nela costuro e colho
as blasfêmias do meu epitáfio
tão frio o meu inferno
que nele estendo meus dedos
e incinero-os ao gelo
tão solitário o meu grito
que nele, letras e palavras
comem e bebem, raizes
quarta-feira, 4 de março de 2015
ingrato...
quando penso
que do poema
tenho a posse
rebelde, ele,
de mim, debocha
ri, foge...
em outras mãos
faz-se pureza e luxuria
dá-se ao uso
e goza...
segunda-feira, 2 de março de 2015
dos encaixes...
tateia a poesia
uma fuga
simples
complexa
em linha reta
em linha curva
côncava
convexa
escorre entre coxas
dobra os joelhos
e...
urra
uma fuga
simples
complexa
em linha reta
em linha curva
côncava
convexa
escorre entre coxas
dobra os joelhos
e...
urra
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