sábado, 23 de dezembro de 2017

medo

dentre os ruídos insones
ouço o ranger de velhos
e desfigurados nomes...

presos 
no espelho do tempo
não sabem-se mortos

e se a eles 
ofereço letras, mais e mais 
me consomem...

domingo, 17 de dezembro de 2017

sempre

há quases
que erguem
muros além
das palavras
que insisto
serem versos

há quases
que abortam
pelas frestas
sonhos
que insisto
serem gestos

e visto-me
e sirvo-me
de restos...

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

ciclos

dezembro tem gosto
de velhos tempos
os olhos perdidos
e as mãos aflitas

aquele passo à frente
na beira do abismo
e a poeira do presente
encobrindo vazios...

dezembro tem cheiro
de carne marcada
feridas que vivem 
de meias palavras

aquelas lembranças
de páginas e páginas
viradas... ainda
não desfolhadas

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

hoje

queria deixar
para amanhã
a poesia e o
poema

mas há urgências
nas letras, nas luas
que sabem-se nuas
e oferecem a rima

queria deixar
para depois o espasmo
dos olhos e o quente
dos dedos

mas há silêncios
entre as palavras
que sabem-se
no cio

sábado, 2 de dezembro de 2017

mas...

além de mim
o corpo que jaz
cansou-se
do tanto faz

e não é mais...

das colheitas...

foram tantas as pedras
enfiadas goela abaixo
fingindo ser flores

um dia, fizeram-se pétalas
e no meio do peito, abriram-se
em dores