sexta-feira, 27 de abril de 2012

Abstinência...




A palavra, abstinência, me remete a outra, vício.  Acredito que estejam intrinsecamente ligadas. 
Abster-se, deixar de fazer, renunciar a algo que nos dá prazer. Mas um prazer não necessariamente nos faz bem. É o caso das drogas. Prazer tão momentâneo de uma cobrança absurda e de um preço muito alto.

E assim são alguns amores. 
Amores que nos levam aos céus e nos mostram as portas do inferno.  São eles também vícios.
Benditos quando atendidos, malditos quando não recíprocos. 
O email que não chega, a hora que passa sem um telefonema. Um olhar atravessado quando juntos. Efeitos colaterais que ferem, que fazem viagens imaginarias pelo ciumes, pelas dores, pela falta de autoestima...

Quando esses efeitos colaterais são maiores, mais presentes do que qualquer prazer, do que  nossa paz de espírito, não sei, ou talvez saiba que seja a hora de nos desintoxicarmos. 
Ao espernearmos, ao vertermos lágrimas, ao quebrarmos nossos frascos,  o vazio nos espera...
Da renúncia à abstinência. Horas enganosas, nas primeiras, um certo alívio.
Uma esperança de esquecimento. Os dias completam seus ciclos.
Mas... Um cheiro, um gosto, um horario, uma música, um costume trazem a ilusão da volta, a ilusão de uma letra em conciliação... Nada, só o nada retorna.

Tal qual um viciado,  nada alimenta, nada satisfaz... 

Então fico eu a pensar, talvez seja o caso também de seguir os passos da abstinência por um dia, por mais um dia e por mais outro dia... Quem sabe, assim, esse vício chamado amor, adormeça em algum canto de nossos corpos e almas devolvendo o nosso equilíbrio.

Bem, para isso,  melhor evitar o invólucro, o corpo, a palavra, a alma que nos vicia... Ao menos por hoje, num sempre hoje.

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