domingo, 23 de novembro de 2014

bastarda


cuidarei de minhas poesias
tal qual mãe em parto

pois, se aborto-me,
entre as letras amorfas
vejo meu retrato

são cacos, tragos
fiapos, farrapos, espasmos
caos e nacos

um nada entre metáforas,
escorrido e mal acabado

quero um parto
de úteros não meus
e de fetos alheios

um  punhado de versos
sem os tons de vermelho
sem o meu espelho

uma poesia de sins
filha do acaso, filha bastarda
uma poesia...  sem mim

2 comentários:

  1. Almma: Eu também busco isso,
    mas como sou eu a buscar...
    ainda sou eu.

    Com carinho: eu.

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  2. Meu "eu" agradece o carinho do seu "eu".

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