sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

dos erros...

Porque andava cansada de mim mesma, resolvi me dar um tempo. Desci no primeiro ponto, à primeira página do dia. Entre as letras já escritas e àquelas a serem debulhadas, a dúvida: Contentar-me ao rodapé ou fechar de vez o livro. Não me caberia ouvir nenhuma outra pessoa, não me caberia nem ouvir a mim mesma.

Cansada, cansada de todas as minhas desculpas, de minhas letras, das mesmas músicas, da luta...
Nem ao rodapé, nem fechar o livro.  Fechar implicaria em reabrí-lo em qualquer momento. Ao rodapé, de joelhos,  espiaria ainda que não estivesse no meio da folha.

Já conhecia esse roteiro, já conhecia o desfecho. Bobagem insistir, em protelar o inevitável, ainda que fosse para alguns memorável  assinar o epilogo.

Mas, o livro existia, estava ali incrustado à minha carne, tatuado em minha alma. Se resolvesse folhear suas páginas talvez encontrasse algum trecho que tenha me passado desapercebido. O que acho quase impossível. Não, não adiantaria insistir ali entre as letras  acariciar, chorar ou sorrir.  Tudo terminaria no vácuo e sem eco. Novamente. Ideia mentecapta querer ler o que já havia escrito.
Não tinha esse vício. Não teria esse vício. Escrito estava, nem o tempo, nem os dedos modificariam os dias e as palavras.

Restava decidir-me em continuar nesse conto que ninguém aumentava um ponto ou desistir. Palavra de alto teor: desistir. Pensemos em  outra menos catastrófica, menos piegas, apelemos para um expressão em uso: "Mudemos o foco". Não desistir, mudar.

Mas eis-me de olhos fixos no mesmo parágrafo que em labirintos vai e volta, vai e volta, não solta-se, não sobe, não desce, não vive e não morre. Vai e volta. Esse parágrafo de uma nota só, toada em mantra, quase  um vômito a engolir de mim a vontade de chutar essas letras e seguir outra prosa. Como se pétala seca e sem cheiro  fosse estaquei em meio à folhas verdes, cheias de fungos e musgo e não me mudo. Espero, espero, espero... Ninguém aparece para debulhar essas páginas e derrubar-me ao chão livrando-me dessa incômoda paralisia do orgulho.

Lembro-me sem a nitidez necessaria de ter descido degrau a degrau  palavras antes desse encravado capítulo e em ato falho ( novamente desculpas esfarrapadas uso ) cá estou como uma mariposa debatendo-me de encontro a luz até que ceguem-me os desejos e queimem-me os erros. Maldito livro, maldito capítulo.

Não desço, não tranco esse livro meu, não guardo-me, não descanso em rodapés, desisto de mim mesma, dou-me as costas, dou-me o desprezo. Não ao espelho, não aos meus apelos. Desisto. Encalhei nessa lama desse drama. Nem portas, nem janelas enxergo. Minto e minto cada vez que digo que a luz no fundo do poço é minha. Tenho medo, acovardo-me, fujo. Não há em mim nenhum rasgo de dignidade que me impeça de entre as linhas de minhas fissuras plantar tantos erros... Leio-me, absurdos teço, não mudo o foco do texto.

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