não sei mais ser suave
indelicadeza, reverso em ferro
bisturis nas entranhas, peço...
sofismas que minha carne, tece,
punhal de incerteza é quase
não sei mais sorrir
brotam rasteiras ervas daninhas
sufocando os poros de onde
em outra seita, cultuavam luxúria
louvor a uma alma crua...
não sei mais ser essência
escorre pelos vidros
da vida, meus cacos,
minha água, partos
cristais aos pedaços
não sei mais ser pura
contamino minhas veias
vícios, riscos...
vínculos arranhados na areia
tempo diluído em sangue
não sei mais ser eu
dor que minha língua, lambe,
letras esculpidas em vitrines
sinais vermelhos sem maestria
em negros glóbulos de rimas...
não sei mais ser flor
sem miolo, oca
rasgo minhas pétalas
fungos em caule seco
restos, incinero...
...mas, ainda sabe ser sensível. Muito.
ResponderExcluirBelo poema, Almma.
Beijos!