tenho pensado
nos sapatos mortos
que deixei sem pés
nos trapos
e nos farrapos cinzas
ainda vivos
esses que insisto carregar
pra lá e pra cá, acolá
sem ter onde ficar
dia ou outro
enojam-me e em espasmos
tento cuspí-los, vomitá-los
e aqueles sapatos
abandonados dizem-me
tire deles, a fé...
bolinam minha carne
açoitam minhas palavras
insinuam-se em minha escrita
numa vingança ao vazio
ao vácuo, imploram-me
aos andrajos, a lápide...
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