sábado, 22 de junho de 2013

inverno

escorre
líquido amniótico,
entre os ossos das árvores
sobre a lápide do outono
brota o inverno

e na posse 
de corpos e do tempo
leva o que foi ontem,
lava o que foi verde
esfria o que foi quente

em dedos muitos
traz o arrepio do abraço
arrepio que trinca os dentes
e sem pressa, sem vestes
planta na boca, o silêncio

e se nada além quisesse
mas quer... e quase mudo
rasga a pele do orvalho
numa gota ainda viva
derrama seu sêmen 

em gelo, geme...



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